"Tatuagem feita à mão", que história é essa?
- Nelson Tedesco
- 23 de ago. de 2023
- 2 min de leitura
Em muitos momentos me deparo com questionamentos sobre a tatuagem sem máquinas (handpoke) e como isso é possível, mas o que pouca gente sabe, é que esse é o método mais antigo que existe. Na foto abaixo, o método ancestral sendo executado dentro do ateliê:

Como humanidade sempre tivemos uma curiosa necessidade de registro daquilo que ia dentro de nós e ao nosso redor. Pinturas rupestres, peças de cerâmica pintadas encontradas em escavações, e até mesmo corpos mumificados cobertos de tatuagens se fazem sinais desse desejo intrínseco de registro da nossa espécie em deixar marcas.
Focando especificamente no ato de tatuar, as máquinas foram surgir apenas ao final do século XIX, ou seja, são extremamente recentes na história, uma vez que as primeiras tatuagens das quais se têm registro são de 3000 AC.
Lâminas de obsidiana, dentes de tubarão, garras e presas de grandes predadores e até mesmo espinhos de limoeiro foram utilizados por mestras e mestres de tradições de tatuadores do mundo inteiro. E em alguns lugares (os Kalinga da Malásia, que usam os espinhos) ainda é assim.
Atualmente (e esse é o caso do ateliê), são utilizadas as agulhas de aço inoxidável e esterilizadas (no caso do Brasil, autorizadas pela ANVISA), com o máximo de cautela e atenção às demandas de biossegurança dos tempos modernos.
As tatuagens são lenta e delicadamente feitas através da pulsão da agulha na pele, penetrando apenas o bastante para que o pigmento de instale e permaneça no corpo, sendo assim um processo mais gentil à derme e que promove uma cicatrização muito mais veloz.
A intensidade da dor varia de pessoa para pessoa, mas no geral, há um retorno dos clientes de que dói bem menos do que quando fazemos à máquina. Costumo dizer dentro da FLUXOLIVRE que os dois métodos não são comparáveis em "melhor" ou "pior", por se tratar muito mais do aspecto de adequação à particularidade de cada indivíduo que chega no ateliê buscando receber uma Tatuagem.
Às vezes precisamos do silêncio e da "costura" da tatuagem feita à mão, às vezes precisamos da eletricidade e do "corte" das máquinas.
Mas e o resultado, será que é o mesmo das máquinas em questão de pigmentação e qualidade? Deixemos esses dois exemplos abaixo responderem a esse questionamento:

Acima, trabalho da foto do início pronto. Abaixo, um belíssimo processo desenhado diretamente na pele e logo após realizado sem máquinas.


Com esses dois exemplos podemos ter uma noção das potencialidades apresentadas pelo método de tatuagem ancestral sem máquinas. Sim, demanda paciência e muita presença, mas é justamente através dessas duas chaves que construímos belíssimos tesouros em nossas mentes e vidas.
Um abraço apertado e um beijo em seu coração-essência,
Nelson Tedesco - Artista e Fundador da FLUXOLIVRE
Comments